Monday, December 26, 2005

Brizola gostou!!!

Nas eleições desarticuladas de 2002 o Rio de Janeiro arrebentou e elegeu, Sérgio Cabral Filho e Marcelo Crivela, Senadores.
O PT na véspera da eleição fazia uma festa bonita na orla, com o intuito de mudar o quadro das pesquisas e eleger pelo menos um senador de seus candidatos, Fernando Gusmão e Edson Santos.
A passeata contava com a presênça de ilustres de sempre como Carlos "midia" Minc e Lindberg Farias, na época candidatos a deputado. Sem falar nos artistas de teatro, circo e televisão. Parecia uma multidão de botafoguenses!!! Derrotados de véspera, mas felizes por opção de vida.
O carro de som estava desgovernado. Hora alguém gritava que era um absurdo a Rosinha ser eleita Governadora do estado. Hora alguém absurdamente pedia votos pra Benedita. Discursos dos politicos presentes não se ouviram. Quem ia se queimar ali?
E como eu ja estava queimado de casa, resolvi aprontar das minhas ao lado de meu parceiro zona norte Bernardo.Percebendo o desleixo das autoridades do carro de som, pedi a palavra:
- Amigos da passeata. Ja que percorreremos a orla de Copacabana, é bom lembrar: Vamos passar na frente da casa do homem!!! Afinal de contas, nessa passeata tem gente que vai votar... no BRIZOLA!!!!
Um espanto hipocrita tomou conta dos organizadores. O povo gritava a meu favor. Bernardo aumentou o abuso e bradou mais três vezes Brizola!!! Os petistas ja não eram botafoguenses, eramos todos americanos doentes, e Brizola era o artilheiro do campeonato.
O carro de som reassumiu o controle e me expulsou do palanque no calçadão. Com Bernardo nada fizeram, pois seu fisico de grande porte e sua barba séria o colocavam com direitos adquiridos.


Mas era impossivel não ver. A esquerda carioca tinha se imposto a situação da divisão, da mesquinhez e, consequentemente, da derrota. Estava claro que todos ali tinham uma opção entre os candidatos presentes e levavam BRIZOLA de forma sigilosa como primeira escolha para o senado.
A derrota cria solidariedade. Estavam tão amigos que o microfone da passeata se deixou ser arrancado pelo Bernardo da mão do MC da vez que, ingênuo, gritava 12345 mil, queremos que a Rosinha...
Eu resolvi dar meu tiro pro alto. Com a ajuda de meu segurança zona norte, evitando os revoltosos patrocinadores do evento, gritei:
- Quem vota no Gusmão?
Os PTfoguenses:
- Eu
-Quem vota no Edson Santos?Eu, irônico.
Os menos ainda:
- Eu
- Quem vota no BRIZOLA? O cara do som tenta me bater.
A maioria:
- EU!!!!
A passeata era nossa. A dor de cabeça que arrumamos com aquela confusão, também. Estavamos a ponto de sermos democraticamente expulsos da passeata rumo ao Senado.
Sinceramente, não podia desapontar quem sabia da historia. A passeata iria passar na frente do prédio de Leonel e o buxixo dizia que iriam vaià-lo.
O que fazer? Arrumaram um segurança maior que o Bê pro microfone. Me miravam como se eu fosse o ACM ou o Collor. So o Lindberg Farias era solidario conosco. Distribuia seu santinho e dizia que tinhamos a nossa razão.
A casa do Mestre estava chegando e eu não queria testemunhar, e participar, daquele mico. Meia duzia de festivos gritando que eram menos derrotados que o Brizola! A derrota era nossa!
A cerveja as vezes me faz mal, mas naquele dia ela me deu uma idéia genial. Fiz cara de arrependido, triste, redmido e consegui a atenção do carro de som. Dizia que tinha um problema e que ele tinha que me ajudar. Sem me dar o microfone.
Mas a teimosia me acompanha e eu convenci o poderoso MC PT a me emprestar a palavra para encontrar com minha namorada, perdida naquela multidão.
O descuido do puxador daquele bloco animalesco foi fatal.
Estavamos eu, o microfone, o carro de som e , agora sim, meu segurança Bernardo na frente do prédio do BRIZOLA. meia multidão pronta pra vaiar. EU procuro minha namorada:
- Lindinha, atenção, lindinha. Vem aqui pra perto do carro de som...
Pausa...
- Lindinha vem pro carro de som, pra gente votar no Brizola!!!! Gritos a meu favor.
- Gente a verdade é essa. Prossigo.
- Muitos de nos aqui vamos votar no Brizola amanhã!!! Brizola, Brizola Brizola!
Tentaram me arrancar do discurso mas nesse momento Itagiba apareceu na janela de seu prédio pra nos acenar. Bernardo entendeu o recado e entre socos e empurrões expulsou os democraticos patrocinadores do carro som. A multidão era nossa!!
Passei o microfone para Bernardo, merecidamente:
- Brizola, tentam nos separar mas você estarà sempre aqui conosco na luta!!! Arrepiou.
Nesse instante todos gritavam Brizola, que acenava vitorioso da janela!!! Lindberga aproveitou o climax e discursou pela união de diversas correntes irmãs, mas devolveu o microfone pro Bernardo.
- Brizola, tem que respeitar !!!! Tem que respeitar!!! Repetia o MC segurança.
Quando Leonel saiu da janela acabou a passeata.
No dia seguinte acabou o Rio de Janeiro formador de opinião e deu Rosinha Governadora, Crivella e Cabral Senadores. Naquela que seria a ultima candidatura de Leonel de moura Brizola.
Suas idéias não precisam ser canonizadas, e sim, entendidas. Pois permanecem atuais.
Eu vivi a aventura de ser um rebelde no metièr PTfoguense, derrotado cheio de razão.
Meu segurança, amigo, Bernardo viveu a gloria de depois de tudo chegar pro Lindberg e falar:
- Vai se eleger deputado, mas se fizer merda ja sabe...
Ah!!! E se abandonar o cargo antes do final do mandato pra se candidatar a prefeito também apanha.
- Que isso, companheiro! Dizia o futuro perfeito de Nova Iguaçu.
Tudo isso democraticamente...





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